"Não é de esperar que aconteça" um atentado em Portugal

Ministro diz que o país tomou as "medidas cautelares" necessárias, mas aconselha cidadãos a estarem "vigilantes"
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O risco é geral, mas em Portugal foram tomadas as "medidas cautelares" necessárias após os atentados de Paris. Além disso, "não é de esperar" um atentado terrorista no país. As garantias foram dadas, ontem, por Rui Machete, ministro dos Negócios Estrangeiros, durante um encontro inter-religiões, que decorreu na Mesquita de Lisboa, em memória das vítimas dos atentados em França, reivindicados pela organização autointitulada Estado Islâmico. "Ninguém está a salvo desse tipo de atentados. Espero que isso não aconteça. Tomaram-se as medidas cautelares para o evitar", disse aos jornalistas Rui Machete.

Portugal, continuou Machete, "fez aquilo que era necessário fazer". "Há um problema de risco geral, mas não há nenhum aviso particular. Não é de esperar que isso aconteça [atentado terrorista em Portugal] mas tem de se tomar as medidas de precaução necessárias", afirmou o ministro, acrescentando que "as pessoas não têm de se sentir alarmadas", mas sim "vigilantes". Sobre os portugueses que combatem no grupo extremista Estado Islâmico (EI), Rui Machete referiu que "a polícia tem as suas informações, está vigilante e os serviços secretos tomaram as suas medidas", sendo uma matéria que não pode ser divulgada.

Desde a semana passada, as forças de segurança reforçaram a vigilância nas zonas de fronteira, nos locais com maior concentração de pessoas e nas vias terrestres e ferroviárias, assim como nos aeroportos e em "todos os pontos considerados críticos" em Lisboa, nomeadamente na Ponte 25 de Abril, na Baixa da capital e em locais turísticos como Mosteiro do Jerónimos, Torre de Belém e Centro Cultural de Belém.

Repúdio muçulmano

Além de Rui Machete, participam no encontro o presidente da comunidade muçulmana em Portugal, Abdul Vakil, e o embaixador de França, Jean-François Blarel, bem como os representantes do corpo diplomático acreditado em Portugal. Jean-François Blarel agradeceu a iniciativa do presidente da comunidade islâmica, considerando ser "muito importante que as religiões se compreendam". "Da ignorância vem o medo e do medo o ódio", disse, sublinhando que "o problema é que pela segunda vez em França os atentados são cometidos em nome do islão", por isso considerou ser "muito importante que os muçulmanos repudiem este tipo de atos hediondos e estejam em total oposição" aos mesmos. Considerando que "a violência não faz parte do islão", o embaixador de França defendeu que se seja "contra a violência e contra o terrorismo" e não "contra a religião".

O líder da comunidade islâmica em Portugal, Abdul Vakil, disse que os muçulmanos se sentem "horrorizados com os ataques indiscriminados contra pessoas indefesas" e "indignados porque [os seus autores] dizem agir em nome do islão". No mesmo sentido, o imã da Mesquita de Lisboa, xeque Munir, lamentou que os muçulmanos tenham de enfrentar quer os radicais, que estão "a assassinar barbaramente inocentes", quer os que os discriminam por partilharem a mesma religião.

José Carp, presidente da comunidade judaica, declarou que estes encontros "são certamente parte da solução", enquanto o padre Vítor Melícias rezou a oração de São Francisco de Assis e pediu para as vítimas de Paris "honra e glória aos seus nomes (...), conforto às suas famílias (...), paz eterna às suas almas". Uma "prece da aspiração" por parte da representante da União Budista e uma oração hindu fizeram também parte da cerimónia.

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